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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Desmantelamento do mercado de Rio Tinto inicia-se com feirantes divididos

Artigo do jornal Público















Foi com grande surpresa que os comerciantes do mercado de Rio Tinto, em Gondomar, assistiram ontem à operação de desmantelamento daquele que, para muitos, é local de trabalho há já 18 anos.O fim deste mercado vem sendo falado há meses, na sequência do projecto de construção de um fórum cultural.

No entanto, de acordo com o presidente da Associação de Feiras e Mercados da Região Norte (AFMRN), Fernando Sá, a câmara está a desrespeitar o acordo que estabeleceu com os comerciantes e que permitia o prolongamento da actividade comercial até ao fim do mês. "Os comerciantes negociaram e foi-lhes dito que tinham até ao final de Setembro para abandonar o local", conta Fernando Sá, acrescentando que, "hoje, polícias e funcionários camarários começaram a desmantelar o mercado".

De acordo com o presidente da AFMRN, há cerca de um mês, os feirantes foram transferidos para um terreno, próximo do mercado, onde está prevista a quadruplicação da linha ferroviária Contumil-Ermesinde. Esta foi, segundo Fernando Sá, uma acção estratégica da câmara, que "pretendia a transferência de todo o mercado". "Os comerciantes aperceberam-se de que iriam perder clientes com a feira ali tão perto", explica. "Por isso, alguns concluíram que o melhor era deslocarem-se para a feira", acrescenta o presidente da AFMRN.O anúncio do desmantelamento do mercado de Rio Tinto foi feito há um ano pela Câmara de Gondomar. "Alegaram que não fazia sentido haver um mercado naquela zona devido à existência de outras ofertas comerciais", justifica Fernando Sá.

"O que se prevê é a criação de um fórum cultural", acrescenta. Independentemente de concordar ou não com a transformação do mercado, Fernando Sá pede que os comerciantes não sejam esquecidos. "Nós, enquanto associação, não somos contra a criação do fórum, mas devem ser encontradas soluções para estes trabalhadores", afirma o presidente.

Soluções essas que a câmara afirma estar a preparar. Em declarações ao PÚBLICO, o vice-presidente da Câmara de Gondomar revelou que, apesar de ainda não existir acordo formalizado, está a ser elaborado um documento com as possibilidades dos comerciantes.

"Nem todos concordarão, mas aqueles que demonstraram vontade em continuar com a actividade, irão fazer a mudança", garante José Oliveira.Relativamente ao terreno onde está prevista a quadruplicação da linha da CP, a câmara afirma que "a obra ainda é só uma hipótese" e que, mesmo concretizada, "só irá afectar parte da feira e não a zona dos comerciantes".

Fernando Sá conta que os "comerciantes estão divididos". Alguns "já concordaram com a transferência; três deles estão decididos a recorrer aos tribunais", adianta.A candidata socialista à Câmara de Gondomar, Isabel Santos, considera "lamentável" a atitude da câmara, que "está a violar os princípios e a tentar fragilizar os comerciantes".