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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

A REFUNDAÇÃO DOS MERCADOS … MUNICIPAIS?

Por: João Barreta


Quando tão insistentemente se reforça a ideia da importância de dar maior atenção à agricultura por, finalmente, terem percebido que é pouco prudente depender em demasia da produção alheia, e às diversas potencialidades que o mar tem, ainda, por explorar, do qual a pesca é “apenas” uma parcela, renascerá a esperança, para alguns considerada perdida, de que uma nova visão possa surgir para “trabalhar” o único equipamento/formato comercial que tão bem, e de forma tão peculiar, pode contribuir para a promoção/comercialização dos produtos da terra e do mar. Mais, encarando-se, agora, também a hipótese de se “estudar” uma melhor articulação das relações entre a produção e a distribuição, só a poderemos vislumbrar como uma oportunidade a explorar para (e por) esse mesmo equipamento/formato comercial.

Articular de uma forma sã, a distribuição/comércio dos produtos da nossa agricultura e das nossas pescas, conjugando-o com a vertente cultural e patrimonial, não descurando o sector do turismo, encontrará nos Mercados Municipais um veículo, altamente, privilegiado para o efeito, não descurando, igualmente, o inestimável contributo como efetivo elemento âncora em projetos de regeneração urbana do centro das cidades.

Bem sabemos que o tema do Comércio tem andado um pouco (!) arredio da discussão política, seja da Administração Central, seja da Administração Local, mas talvez seja chegado o momento de aproveitar a(s) oportunidade(s) e trazer para a agenda dos nossos governantes, políticos e técnicos, o tema do Comércio, em geral, e dos Mercados Municipais, muito em particular.

Não que tenha dos Mercados uma versão pretensiosamente poética, mas os Mercados são os … Mercados. São do seu tempo, e o seu tempo é aquele em que vivem ou sobrevivem. O erro, se é que de tal se trata, não está na sua essência, pois essa é a sua verdadeira riqueza, mas sim na forma como são olhados, ou não, por quem deles devia ter, no mínimo, uma visão de presente e, principalmente, de futuro.

Não serão “(Hiper)Mercearias”, nem “(Mini)Hipermercados”. Tão pouco, “(Micro)Centros Comerciais” ou “(Nano)Retail Centers”. Muito menos, serão meras Feiras com paredes e telhado. Mas, não sendo nada disto, poderiam, talvez, ser um pouco de tudo isso!

Em Portugal, abordar a problemática dos Mercados é, ainda, desafortunadamente, partir de um conjunto de preconceitos que fazem vincar a ideia de um passado esquecido, pouco moderno, pobre, folclórico, popularucho e tradicionalista. Mesmo aqueles que, aparentemente querem discutir o assunto, não vão muito além do problema dos horários de funcionamento, do estacionamento e outros tópicos que, aliás, se discutem há décadas, sem que nada de relevante depois se faça.

Curioso, e revelador, por exemplo, será o facto de na grande maioria das nossas Autarquias o detentor do pelouro dos ditos Mercados, e das Atividades Económicas, em geral, coincidir com … o dos Cemitérios. Não sei que relação os nossos políticos (supostos gestores) verão nisto, mas … é assim!

Agora que se aproximam eleições autárquicas, talvez possamos estar mais atentos à relevância do tema, exigindo, por exemplo, saber qual o plano de atuação/intervenção que nos propõem para os Mercados, ou quem irá ser o “candidato ao pelouro” das Atividades Económicas, ou, ainda, qual a “nova” orgânica dos Serviços e qual o enquadramento das atribuições/competências relativas à área na dita orgânica, etc…, etc….


Sabe-se que pelo menos as visitas aos Mercados estarão garantidas, competindo então a quem neles trabalha e de quem deles depende querer saber o que pensam os futuros autarcas responsáveis dos “seus” Mercados e que ideias concretas e planos efetivos defendem para os mesmos.