Com a devida vénia ao JORNAL DE NOTICIAS
O mercado municipal de Santo Tirso tem mais de metade das lojas fechadas mercê da falta de clientes. Comerciantes queixam-se que, sem negócios, as rendas são altas e ainda pioram mais a sua situação. A Câmara anuncia uma ajuda: vai baixar alugueres.
De tarde, estamos a olhar umas para as outras", atira uma vendedora. Não chegam clientes. Ou, então, assustam-se com a desertificação: mais de metade das lojas do mercado municipal de Santo Tirso estão fechadas.
Chega a ser confrangedor: dias há em que nem a entrada principal, na Avenida Sousa Cruz, oferece uma cor, sequer. De flores, de fruta. Apenas bancas vazias. Acontece, sobretudo, à segunda-feira, porque os vendedores apostam no lucro mais certo da feira semanal. "Costuma ser o melhor dia para a cidade. Para nós, é o pior", lamenta Virgínia Martins.
Delfina Gomes ergue uma mão: "Há uma padaria, três peixarias, um talho, uma florista e duas frutarias. Durante a semana é isto". Conta cerca de "16 lojas fechadas" no piso térreo. O inferior "está vazio". Apenas uma florista, num canto recôndito, esporadicamente. "Corre-se o risco de isto ficar sem nada", alerta Virgínia.
"Ali à frente [junto à entrada principal] não há nada. As pessoas chegam e nem entram. É como se formos a um centro comercial; se não se vê ninguém, vem-se para trás", compara a única talhante do mercado tirsense. Já ali teve concorrência, mas pereceu: "Fechou no ano passado. E estava aqui há mais de 40 anos", lembra Delfina, da peixaria Fininha, ela própria a ponderar desfecho semelhante, após quatro décadas no mercado.
"Houve um tempo, na altura do 25 de Abril, em que se ganhou bem a vida. Ultimamente, é uma desgraça. Estamos todos para fechar e ir embora. Não fazemos para as despesas", justifica a peixeira. Virgínia Martins especificaria, ainda: "As rendas não são acessíveis e ninguém vem para cá". O aluguer "baixou no ano passado, mas aquilo que fazemos não chega", queixa-se Delfina. "Pagava 34 contos, em dinheiro antigo. Agora pago só 30", especificou a comerciante. Ainda assim, diz, "é muito para o dinheiro que se faz".
Contudo, dentro de pouco mais de dois meses, Delfina será uma das contempladas com nova redução. "A partir de 30 de Abril é intenção da Câmara Municipal de Santo Tirso baixar em mais 10% todos alugueres", assegurou, ao JN, a autarquia.