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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mercado da Areosa provisório por mais um ano


Com a devida vénia ao Jornal de Noticias



De um lado da rua, o mercado da Areosa ganha mato e há uma colónia de gatos a viver nos escombros de uma demolição parcial. Do outro, os comerciantes queixam-se que quase não vendem no espaço provisório. Obra em falta será, finalmente, adjudicada.
Todos têm a data na ponta da língua: vai fazer dois anos em Junho, uns dias antes do S. João, que o mercado da Areosa, em Rio Tinto, Gondomar, fechou para obras e os comerciantes se mudaram para um terreno do outro lado da Rua Filipa de Lencastre. Era suposto lá ficarem nove meses, mas o fracasso do concurso para a construção do parque de estacionamento prolongou a estadia. A Câmara de Gondomar assegurou ao JN que não esqueceu o mercado e quer ultrapassar o desinteresse dos investidores com um ajuste directo para a construção e concessão do parque de estacionamento de dois pisos por 35 anos e 3,5 milhões de euros.
Caso seja aprovado pela Assembleia Municipal (AM), o procedimento implica que os comerciantes fiquem no mesmo local pelo menos mais um ano. Não é óbvio que naquele gaveto da rua está o mercado provisório - e esta é apenas uma das queixas dos comerciantes, que dizem estar permanentemente a perder clientes.
Outras são a precariedade das instalações - tendas onde estão mais sujeitos ao mau tempo, contentores onde mal cabem os negócios -, a falta de estacionamento e a ausência de informação. "Não temos tido notícias da Câmara. Nem nas eleições apareceram aqui, nem os nossos votos quiseram", disse Glória, vendedora de fruta e legumes. Outra vendedora queixa-se da falta de água para quem não está em contentores (usam a água de dois bidões) e do terreno que, sendo íngreme, arrasta lamas da chuva. Ao sábado, contaram os comerciantes ao JN, o mercado ganha mais vida com os lavradores que vão vender frescos. Mas, no resto da semana, apenas 15 bancas abrem e, nos últimos tempos, cinco vendedores desistiram. "Há dias em que fazemos 25 euros", lamenta-se uma comerciante, saudosa do mercado antigo, que se avista por uma nesga do terreno provisório.
Algumas das bancas antigas estão parcialmente quebradas e os escombros estão a ser tomados pelo mato. Uma colónia de gatos passeia por ali, alimentada com restos de restaurantes, cujas embalagens se encontram junto ao portão fechado. O abandono geral contrasta com o novo edifício, ainda por estrear - que não agrada aos comerciantes, mas para onde irão pelo menos 24 deles.
Segundo o vice-presidente da Câmara de Gondomar, José Luís Oliveira, depois de dois concursos públicos falhados, o ajuste directo à empresa Alexandre Barbosa Borges, SA, foi recentemente aprovado pelo Executivo e será levado à AM no próximo dia 25. "Fomos apanhados pela crise financeira", justifica, assegurando que "a Câmara tudo tem feito para resolver as coisas o mais rápido possível". Caso seja aprovado o ajuste directo, a construção do parque sob o novo edifício para onde algum comércio se irá mudar deverá demorar "entre dez a 12 meses", disse.